Na geladeira, esquecida no canto da gaveta de verduras, estava a romã. Rija e nua como cimento à vista nos muros das construções. Fernanda, que gostava mais dos sabores do que dos tons daquilo de que se alimentava, tirou a fruta de lá e a esqueceu sobre a pia. Não presta mais.
Frescas na sacola de supermercado, chegaram amoras viajantes, suculentas e cheias de tinta. Algumas até pintaram a caixinha de plástico que embalava o conjunto com exatos 258 g. No fundo, no fundo, era tudo rubro-negro. O que faria Rodrigo estremecer. Ele, que é fanático pelo tricolor baiano, repensaria suas escolhas hortifrutigranjeiras daquele dia em diante. Putz, fiz cagada.
A cozinha, pequena para Fernanda e Rodrigo, embora não tivesse armários planejados, coifa, ilha de preparo, panelas elétricas, tinha o essencial.
Tinha romãs e amoras com amor em comum, ao pé de cada letra vivida de cor e salteado, na dura rotina a dois.
1 comentário:
"Tinha romãs e amoras com amor em comum, ao pé de cada letra vivida de cor e salteado, na dura rotina a dois."
Meu construtor de imagens preferido.
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