a banana,
se verde,
é chiclete na boca
a maçã,
se verde,
suco refrigerante
a laranja,
se verde,
acidez detergente
a manga,
se verde,
faca e sal
o mamão,
se verde,
doce depois de açúcar
o limão,
se verde,
caipirinha
o amor,
se verde,
paixão sem solução
24.9.06
18.9.06
projeto literário
meu projeto é escrever um livro
cada linha numa posição virtual
num não-lugar ainda virgem
já cansei do lápis apontado
as canetas não me agradam mais
e o papel vez ou outra se rasga
de tanto apagá-lo
eu quero o pó
da cadente estrela de instantes antes
do armário onde guardo as bugigangas que colho no caminho
do chão de onde vim
eu quero o pó tirado de um livro futuro
de uma palavra à tinta de impressão rara
capa dura e uma nota de autor
eu quero animar o cosmos
voltar à plenitude que deixei para trás
e fechar um ciclo filosófico
meu projeto é um livro
meu projeto é virar a página
para ver se me escrevo no capítulo seguinte:
folhas em branco
cada linha numa posição virtual
num não-lugar ainda virgem
já cansei do lápis apontado
as canetas não me agradam mais
e o papel vez ou outra se rasga
de tanto apagá-lo
eu quero o pó
da cadente estrela de instantes antes
do armário onde guardo as bugigangas que colho no caminho
do chão de onde vim
eu quero o pó tirado de um livro futuro
de uma palavra à tinta de impressão rara
capa dura e uma nota de autor
eu quero animar o cosmos
voltar à plenitude que deixei para trás
e fechar um ciclo filosófico
meu projeto é um livro
meu projeto é virar a página
para ver se me escrevo no capítulo seguinte:
folhas em branco
10.9.06
empréstimo
com uma borracha apagam os dedos teus
numa fissura sem costume do meu desenho
meu corpo
cada deslizar é um risco
risco de ter-me em papel branco
não quero deixar vísceras espalhadas
pela cama, pela celulose pura
quero vestígios de minha presença ríspida
rija
rio
gargalhadas
as montanhas que os lençóis imaginam seus
vejo de pé
com os pés n'água
eu não vou te dar o gosto de me anular
porque não quiseras minha lembrança
meu caderno tem teu grafite
feito a unha e arranhões
eu não vou te dar o gosto
de escrever-me nesse teu caderno pautado
porque tua caligrafia é simétrica demais
mas ofereço meus lápis de cor
para me colorir
sem contorno
um empréstimo
numa fissura sem costume do meu desenho
meu corpo
cada deslizar é um risco
risco de ter-me em papel branco
não quero deixar vísceras espalhadas
pela cama, pela celulose pura
quero vestígios de minha presença ríspida
rija
rio
gargalhadas
as montanhas que os lençóis imaginam seus
vejo de pé
com os pés n'água
eu não vou te dar o gosto de me anular
porque não quiseras minha lembrança
meu caderno tem teu grafite
feito a unha e arranhões
eu não vou te dar o gosto
de escrever-me nesse teu caderno pautado
porque tua caligrafia é simétrica demais
mas ofereço meus lápis de cor
para me colorir
sem contorno
um empréstimo
3.9.06
improdução de domingo
. o Coração é um país bem interno ao continente sulafricano, onde há meninos descalços e cachorros calçados. quem tiver o segredo do perfume de Amália, vem ver a desconexão que um sorvete de chocolate provoca .
. vazios estão os dedos de idéias. os domingos são dias improdutivos, capital e mentalmente. eu quero ver um elefante de perto quando você chegar suja. darei ouvidos desatentos quando pedir meu sono. não me culpe pelos seus cabelos encaracolados. você é o que também não come .
. meu professor de Física namorou minha professora de Química sem dizer nada a ninguém. depois vão culpar meu professor de Biologia por ter espalhado boatos pela escola. só há vida depois da fecundação .
. Salvador me reservou o chocolate descalço. Como tudo lambendo os dedos que pressionaram a barra. calor Amália tem no seu perfume, minha professora. que química vem depois daquela física minúscula. pra resfriar, um sorvete. pra escutar, meus ouvidos dois.
[domingo tem um dia improdutivo
uma noite melhor, quem sabe
. vazios estão os dedos de idéias. os domingos são dias improdutivos, capital e mentalmente. eu quero ver um elefante de perto quando você chegar suja. darei ouvidos desatentos quando pedir meu sono. não me culpe pelos seus cabelos encaracolados. você é o que também não come .
. meu professor de Física namorou minha professora de Química sem dizer nada a ninguém. depois vão culpar meu professor de Biologia por ter espalhado boatos pela escola. só há vida depois da fecundação .
. Salvador me reservou o chocolate descalço. Como tudo lambendo os dedos que pressionaram a barra. calor Amália tem no seu perfume, minha professora. que química vem depois daquela física minúscula. pra resfriar, um sorvete. pra escutar, meus ouvidos dois.
[domingo tem um dia improdutivo
uma noite melhor, quem sabe
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