24.12.15
hoje, a noite é bela
3.12.15
em prol/gresso
23.11.15
paraquedas 4
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Antes de ir além do horizonte, há o mar. E há o poder ser de sal por alguns momentos. Estátua viva. Não olho pra trás nesta praia.
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Eu, apertando meu coração barroco (pelo qual passa um rio de contradições, eu assumo), sangro por meio de um pedido venoso, saturado: brasileirxs, sejamos mais coerentes pelo todo, pelo coletivo, pelo comum! Menos ódio, menos medo, menos terror...
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Nem tanto em tudo. Opaco tudo. Transparência? Em nada. Chega, cega, carrega. Abra não só os olhos.
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Numa lógica mercadológica mutante para sua própria sobrevivência, agora, é preciso vender a ausência. Em voga, o não conter é digno de valor (em muitas cifras de reais; e no real). Não bastasse tanto, essa falta do conteúdo - em outros tempos agregado como importância - não nos liberta da condição de cobaias. Caro é o preço que pagamos por nos filiarmos à condição de sujeito-consumidor. Nos rótulos dos produtos, ao que parece, a COMposição pouco importará enquanto estivermos SEM lugar privilegiado: o da utopia do ser-sujeito-de-si. Em tempo: esse xampu (sem sal, sem sulfato, sem corantes, sem parabenos) vem COM cheiro - e é um cheiro bom.
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Um salve às crianças em nós. Emaranhadas (em nós) e um tanto arranhadas às vezes.
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Amigxs jornalistas (ou carxs colegas de profissão) e cientistas políticxs (ou pesquisadorxs de área correlata de qualquer formação), por favor, indiquem-me fontes de informação sobre a atual conjuntura política e econômica deste país nosso que valorizem a articulação de ideias em detrimento de paixões partidárias e/ou mercantis facilmente corruptíveis. Com o acréscimo de que, após os textos (em amplo sentido) críticos e informativos que tais fontes forneçam, seja possível encontrar comentários de (e)leitorxs (no espaço aberto para tanto) que fomentem o debate em prol do amadurecimento democrático brasileiro em vez de reproduzirem clichês odiosos uns contra os outros. Isso que procuro existe?
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Tem gente achando que redigir uma dissertação interessante, que se destaque entre os demais textos, é FALSEAR aquilo que costuma vociferar na internet ou nas filas do supermercado. Tsc, tsc, tsc... Não se iluda: ideias odiosas sempre escapam das entrelinhas. #enem2015 #notazeroproódio #machistasnãopassarão
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Costurando leituras sobre o discurso, vou descobrindo aos poucos que a ideologia, realmente, não dá ponto sem nó(s). Alinhavar os sentidos é impossível, mesmo. Então, aceito pra doer menos.
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31.10.15
#ajudasãolonguinho
6.10.15
atual
29.9.15
panela-depressão
faz um tempo,
à sorte do fogo,
a panela vem esquentando
as memórias,
sinalizando,
por um apito melancólico,
os futuros inexistentes:
psiusiusiusiu...
atmosferas, celsius —
nenhuma condição
é normal na clausura
da particular iminência
de explosão
agora, Remo prefere o cozer
rápido e histérico de sua angústia
ao antigo e calado banho-maria que nunca aquieta os sintomas
"está na hora de
falHar mais sobre isso,
Remo", diz x terapeuta
na primeira sessão
29.5.15
mangueira
então, tá
meia invisível, tênis cano baixo
rosto redondo, óculos retangulares
barba volumosa, cabelo à máquina
música? independente - por amor
se dia, fraco perfume
olhos cruzados, um papo vem
beijo bom sabor melancia, tudo a despir
caso role, só com camisinha
gostar da tattoo escondida, uma ligação no dia seguinte
e fica tudo meio que combinado assim:
seus significantes, nossos significados
o poeta é um fabulador
Posso confabular, né?
Os salva-vidas ficam nesse mesmo exercício. À frente, uma paisagem de risco. Uma beleza traiçoeira de força fenomenal. Cada câimbra é um evento. Crise no mar. Mocinhas e mocinhos em beijos de cinema, fôlegos em ultrapassagens, avanços de sinais, e massagens no ego - ainda que cardíacas.
Quando um acidente? Quando uma fatalidade?
Todo mundo deveria se permitir a simulação de um afogamento um dia. O faz-de-conta é um bom pedacinho da existência, um zelo consigo mesmo, um colete flutuante.
Finjo esse bote inflável. Ou inflo esse bote fingível. Justo porque não me dá pé só molhar os dedinhos e a nuca em marolas frouxas. Meu brinquedo é abissal. Yellow submarine.
paraquedas 3
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Viver é present continuous. Não resista à existência. Corpo presente. Alma idem. Experi/m/ente.
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Se mudá-lo parece tarefa impossível, deixar o mundo menos feio pode ser um plano Z. Finalmente.
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A brecha, o breu, o bruto. A identidade está não só em nossas ranhuras, mas nas cargas de tinta que conseguimos amparar na superfície. Enquanto o interno for um buraco negro insaciável, a pele será essa tábua de textos e texturas impossíveis de (se) interpretar.
saia para rodar
invocado
20.5.15
do público da performance pública
gente pra ver ator pelado
gente pra ser atropeladx
tem gente pra toda performance
per se
gente for what?
a wo/man
gente-você
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Para e com Fernanda Pérez.
19.5.15
reconheço firma
lençóis festivos
no aperto do peito,
feitiço brando
de que trato?
de qual trato entre nós?
em contrato
(longe de quaisquer
burocracias, viu?):
envolvimento
e encantamento
rubricas
em todas as faces
deste .doc;
eu deixo
t/eu beijo,
eu nos imprimo
1.5.15
entre pares, os parênteses
daqueles que se quer encontrar (encomendar sem esforço)
nos apps de paquera
eu tenho (poucas e boas) histórias íntimas
que conto (e que dou conta nos dedos) sem medir
palavra alguma:
(falo?) a verdade
- sem máscaras
(mas só um pouquinho de maquiagem, vai...)
preste mais atenção (aos meus parênteses)
quando eu disser sobre o clima (ou climão!)
que se estabelecer entre nós:
pode (não) ser tão bonito...
19.4.15
vaga
e eu pensei que fosse o led do computador
gastei em perplexidade
abri
fechei
abri
os olhos
o sono
1.4.15
sem cessar
eu te escreverei eu me escancarei eu nos falarei em breve passado o passado aberta a janela da sala de esperanças estou namoradeira observando o cotidiano uma vista devassada de mim uma cortina empoeirada na máquina de lavar é um café quente sobre toalha de mesa que derramo cama coberta de chita eu te escreverei eu me escancarei eu nos falarei em (minha fofoca) breve
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para ILT
16.3.15
memorizar
o tempo nunca é,
diz o corpo
corpo-tempo: era
o corpo tem poeiras,
eiras beirando o abismo
das reflexões
o tempo não ampara
o espelho espalha,
então, uma visão
narcisista do ser:
eu me reconheço
o tempo será minha recaída
no gargalo da ampulheta
tem pó
pra café
e filosofia
tanto pó
quanto tem poema
na varredura do quarto de dormir
e acordar
pelos e peles
são meus calendários
9.3.15
a calçada é pública
me toma de assalto
o homem posto
na calçada
rouba de mim
o risco,
o traço
de um horizonte tranquilo
e o marginal sou eu,
e o marginal é ele
enquanto o público
aplaude de pé
o público
encoberta
todo dia é frio
às margens do asfalto
8.3.15
Jaçanã não sai do lugar
fui beber cafezinho,
fui ler manchetes na banca,
fui checar o pulso às 23h
- foi o que me disseram
posso ficar
quantos minutos
queira
sinto muito:
só amanhã de manhã;
vá dormir, vá
2.3.15
bacia/das ch/uvas
ch/amo vem/to com bacia
de ch/uvas na mão
bento c/acho
que ha/verá tempestade
no c/eu da boca
já não morre/ria
de sede:
ar/de
cor/tar-se
com/o
fruto
em sua
meta/de
vim/ho
seco
na pre/visão
do tempo/ral
27.2.15
Wo ai ni
em forma de coração,
além de instruções de lavagem
e códigos de barra,
havia um escrito indecifrável
para aquela menina:
我爱你
antes fosse uma garatuja,
um homem palito,
uma casinha desenhada
na infância,
uma ilha com dois coqueiros
e gaivotas ao redor
antes fosse um texto bíblico,
uma bula de remédio,
um anúncio de compra e venda,
uma nota de rodapé
antes fosse só bater no Google
mas eram made in China
aquelas palavras
nem de olhos apertados,
forçando-os pela ausência dos óculos
ou forjando uma visão oriental,
ela saberia que o que ele lhe diria
pouco importava como se escreveria
todo romance tem seu tantinho
de ideograma,
ela entendeu
e se deu por satisfeita
casar-se-ão em breve
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para Cristiane Modolo e Edgar Alencar
5.1.15
a hora das estrelas
de uma noite de blecaute,
postes, TVs, liquidificadores
em segundo plano
as revelações de estrelas,
das estrelas que somos
e que observamos
- se preciso, cairemos juntos;
não tema, eu lhe disse
este é um registro em timeline,
um traçado caudaloso da trajetória estratosférica
de um, agora, presente aceito
me sinto maternalmente inteiro,
amamentado,
num pacto com a via láctea
e é lindo estar no colo de mãe, explicando-lhe sobre as luas, rotações, estações dos anos que se passaram ante e entre nós
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para Maria Zélia, com o amor e a gratidão que até então eu jamais sentira