12.8.08

escutarei um fado

uma cadeira à altura de montanha alguma
sobre a qual me apoio

receio a queda,
pois o chão é trêmulo
- dia de terremoto

mas há fados que me dêem socorro:
o corpo,
se dor tiver,
será remediado com música portuguesa
será reinventado como todo verso de poesia
será, de novo, parte de mim

no que quero,
minha alma brinda o silêncio
do que não falamos

no que não quero,
um afastamento repentino
do que poderia ser tátil

então, meu convite e súplica:
quando disposto, ponha-me no solo
junto às pedras de Espanca,
pisoteadas
como qualquer um
como um qualquer

pois o meu encanto é fato,
mas meu desejo, fado