7.3.10

Antes ou depois? Durante!

Tenho um bolo de pelos se enovelando no estômago. Sabe quando a gente tem um desafio pela frente e tudo o que pode acontecer não depende só de nós? O que fazer? Estou em um projeto novo na empresa onde trabalho que será tocado essencialmente por mim. Tenho de pensar em tudo de cabo a rabo, dar conta de tudo de rabo a cabo, ser um bombril.

É angustiante saber que as coisas tomam um tempo para se realizarem. A gente sempre quer ver o resultado, ver o depois. O durante pouco importa. Mas tenho exercitado isso em mim. É vendo no caminho - e só no caminho há pedras ou atalhos - o que há de mais gostoso. O aprendizado acontece no durante, não no depois. Não posso esperar que eu tenha aprendido algo no final de todas as contas - o saldo é passível de dúvidas. As memórias são traiçoeiras. Muitas vezes, depois de porres ou açoites, elas nem existem mais. Por isso, minha meta tem sido: menos úlceras e mais cicatrizes na minha história.

Você consegue lembrar, exatamente, qual a dor que sentia quando arrancavam-lhe os dentes-de-leite? Estou aqui vasculhando em meus arquivos e nada acontece. Só lembro do sabor ácido de sangue jorrando na boca e dos dentes atirados sobre o telhado para que os novos crescessem com saúde. Eu cantava: "ratinho, ratão, eu te dou este dente e você me dá um bem grandão". Hoje, tenho todos eles na boca - certo que alguns já com argamassas. E só tenho as lembranças boas porque alguém (meu pai, minha mãe, meus irmãos) me disse que eu tinha de passar por aquilo para cumprir um objetivo. Já naquele momento, eu procurava entender o valor do processo.

Parei, por exemplo, de viajar para algum lugar sofrendo antecipadamente por causa da volta; sofrendo porque o tempo passaria tão rápido e eu já retornaria para a rotina. Agora, eu chego a algum lugar pensando nos instantes que viverei e procuro a salubridade que só tem quem saboreia a bala sem mordê-la antes do fim. Recomendo lembrar das balas Soft (no seu formato antigo) para saber sobre o que estou falando, pois eram tão saborosas quanto perigosas, como é tudo o que vivemos.

Sessões de terapia e boas doses de experiência me fazem acreditar nisso que quero compartilhar com você, sobre o que já sabe ou ouviu falar: o mais importante é o caminho. Tenho posto em prática e tenho aprendido. Vale cada angústia amenizada. E toda angústia amenizada é uma dor a menos.


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Na foto, meu sobrinho Raphael e o primo-sobrinho Arthur caminhando em direção ao gol: ver os jogadores do Cruzeiro treinando na Toca da Raposa, Belo Horizonte, MG, em outubro de 2009. Será que perceberam o que havia de importante entre eles no caminho? Eu percebi e fiz a foto. Eles terão para sempre.

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