perto da janela corre um vento leve
balança os panos negros
escudos ao Sol
as cortinas que me escondem do dia
brincam como se fossem formigas
mergulhadas num açucareiro
vão e vêm de um lado a outro
de um outro vão
vêm de um lado
de um lado de cá
de um lado de dentro do quarto
onde não há formigas, nem açúcar
só há cortinas dançando
e a vontade de morar no jardim
quero ver minha janela de fora
para saber se o encanto
encontro interno
desse lado ai
as formigas fazem fila para levar açúcar à rainha má, fila longa pra chegar bem longe-quanto-mais-longe-tiver-de-chegar, até não mais ver fim deste poema que se prolonga porque segue o caminho das formigas até descobrir como é ver o quarto desde um formigueiro, as cortinas balançam escuras cada vez mais longe como o vento rasteiro
alguém pisou fundo no formigueiro
e deixou formigas sem rainha, sem açúcar
sem verso meu que valesse a pena de ser palavra e sobremesa
1 comentário:
Se pudesse eu o completava...Ainda que é sobre açucar e formigas...Antíteses bem assim:eu de madrugada em frente ao espelho olhando alheios vivendo num jardim!beijos de sereno e saúde pra te tocar sem saudade,viu?Nós dois aqui no Rio de Janeiro.
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