29.5.15

mangueira

Com o amadurecimento - manga amarelando, carcomida por passarinhos, machucada pelo que a vida é de fato: essa brutalidade -, venho, finalmente, dando significado ao que é "se endurecer" e como isso é importante frente à realidade. Sim, estou endurecendo-me, principalmente, quanto ao que machuca a humanidade que desejo preservar em mim. Estou endurecendo-me, repito. Mas não perco a ternura, definitivamente, de vista. Ainda que, vez ou outra, ela se esconda entre as maçãs, as bananas, os limões inertes na fruteira sobre a mesa. A ternura tem cheiro de manga, difícil de ser confundida com qualquer outra fruta, e é suculenta quando madura. Duro é seu caroço. O duro é ser caroço. "Chupo essa manga" e me lambuzo naquela célebre frase do Che Guevara. Há de se chegar ao caroço, mas jamais desperdiçar a polpa.

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