26.11.07

velório

eu, menino dos pés de cera,
a cada asfalto quente
deixo passos e costumes
derretidos no chão

por isso ando descalço
para que alguém descubra
um descaminho
até mim

já que migalhas
pássaros e mendigos comem,
prefiro perder a sola
a não voltar para casa depois

depois de um traço,
um abraço:
uma bússola

meus pés estão pela metade
- minhas pernas são pavios curtos,
são pavios de fogo e algodão

à espera de um sopro
que não me apague

3 comentários:

PATRICIA MINEIRO FARIA disse...

sobre seus pés descalços eu diria que são apenas desejo de um futuro bom...você é corajoso e certamente vai conseguir o que deseja!

Unknown disse...

A partir de hoje só ando olhando para o chão. Quem sabe não encontro rastros de cera? Se encontrá-los, vou ficar mais alegre que Maria ao saber que os passarinhos não devoraram as migalhas... Se a cera aparecer, vou saber que estou há alguns passos de me iluminar. Faz brilhar este pavio, mais ainda, Rominho!

Amor....

Ah, fálica esta cor, esta foto, né? Gostei! rs

Anónimo disse...

pela metáfora per feita