1.3.12

paraquedas noturnos ou remédios para dormir

1.
Bombons em papéis coloridos numa bela peça de vidro sobre a mesa de centro. A sala toda quer se caramelizar. TV, sofá, tapete, abajur salivam por aquilo com que só eu me deleitaria. Ser humano é um desperdício quando taxas de glicemia regulam a noite.

2.
Cintos... muitos. As calças caem sem vergonha. Preciso deles. Precisos no apertar. Fartos ao serem afrouxados por mãos estrangeiras. Combinam com os sapatos? Ou com as medidas da cintura? Combinam com desejo. Sinto muito... esse.

3.
Penduricalhos na fiação das ruas. Frutinhas nos galhos. Brincos nas orelhas. Tudo se enfeita na noite que eu não verei mais em 3, 2, zzzzzZZZzzzZZZZzzZZZZ

4.
Romulo, você não me surpreende mais. Está na hora de quebrar os copos, jogar o celular pela janela e sair de cueca sem perceber que os shorts ficaram sobre a cama. Vc usa o mesmo par de All Star azul de que tanto, estranhamente, gostam e citam naquela música. Vidinha feita de lides (O quê? Quem? Quando? Onde?...) e pouco new journalism. Notebooks com widescreen não compreendem um horizonte. Você precisa (o)usar mais (filtro solar). Poupe o papel de pão. E o café da manhã que a Xuxa nunca te deu. Acorda, menino! E ouça a próxima piada sem falso gozo. Yes, yes!

5.
Noite de desejos romantizados depois de fechar textos sobre frutas e contenções de taludes. Existe um abismo entre a realidade e o que existe "Pra sonhar". Cama, aí vou eu! Cansei da vigília.

6.
Vontade de tirar os olhos, e não os óculos, antes de dormir. Deixá-los de vigília sobre o criado-mudo, observando se meu sono é rock ou mantra; MMA ou yoga; jasmim ou crisântemo... E a coragem? Nem pisca.

7.
Álcool é combustível. Urina é refugo. Algumas placas: proibido parar e estacionar. Não há vagas ao redor na Vila Madalena. Blitze. Enfim, 0 km/h. Alívio. "Que a multa e a apreensão da habilitação valham cada ml desta mijada", João pensou.

8.
Canção de ninar: ranger de uma cama no apê ao lado, beijos semitonados, gemidos atonais. E os meus lençóis estão mudos. Nem um "ai".

9.
Um xote a dançar com os pés descalços. Um toque enganado. Pisar. Desculpo-te por não saber o passo. Rodopiar fingindo a pirueta ensaiada. Este baile é de carnaval, e não de debutantes. Frevo, máscaras e confete. Samba-enredo. Alas abertas para que você passe.

10.
Acabo de comer uma pera e me dei conta disto: é como um bom e gostoso beijo na boca. A fruta tem uma textura arenosa, úmida e macia como a de uma língua, com a vantagem de que a abertura da boca é de total controle seu - sabe quando os beijos se encaixam? Dica de presente para mim? Um cesto cheio de peras, tá?

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