14.10.11

p-i-m-a

não vale dizer que toda canção
é sem fim
como amar

os meus refrões
são úmidas mordiscadas na orelha,
excitantes como a espera,
a expectativa,
de que se repitam

afinada cada corda esteja
para as batidas das próximas cifras,
copiadas de uma revista que comprei em um sebo
só porque vi nela a nossa música
- ou prefere que eu dedilhe
tudo de uma vez?

p-i-m-a!

depois que essa moda de viola passar,
restará um tocador desatinado
em posse de um desafinado instrumento

prepare-se:

enquanto você finge que gosta de serenatas,
eu canto músicas de ninar

prefiro a vigília a dois
sobre uma cama de molas
do que uma sonífera
roda de voz e violão
entre amigos sob a lua


às vezes, tenho dessas de errar o acorde

só para sentir que alguém está atento à música
além de mim mesmo,
só para saber que alguém mais
repara nas minhas unhas sem corte


- por favor, não toco Legião;
não insista

- não, não é fácil tocar uma do Roberto
como você pensa
e sua mãe gosta

...

eu, aqui, querendo fazer poema
com um banquinho e um violão
e você pedindo suas composições favoritas


- tenha dó!

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