9.5.10

Não deixe a preguiça de lado

Vamos brincar de jogo dos sete erros? Mas você não terá de comparar duas imagens, somente observar esta fotografia que fiz em Manaus, AM, no ano passado.

- Ok, ok, você já não aguenta mais as minhas fotos de Manaus. É que a viagem rendeu tanta coisa que só aqui é possível publicar com alguma - mesmo que nem sempre tanta - relevância.

Voltando ao jogo... existe um animal nesta foto que é maltratado por homens em sua própria casa, assediado por turistas que pagam para tê-lo em volta de seus braços lhes dando um "prazer tropical", move seu corpo com uma malemolência de parar o trânsito e tem unhas longas, perigosas se cravadas na pele. Não, não... não me refiro à mulher do barco, mas ao bicho-preguiça que ela carrega no dorso. É em referência a ele que eu gostaria que você, por um minuto, pensasse no máximo de erros que esta situação representa do ponto de vista socioambiental.

Um minuto!



OS ERROS

1. Expor um animal como o bicho-preguiça ao sol durante horas a fio sobre um barco em pleno Rio Negro. É um bicho que vive sob a sombra justamente para se proteger. Tem pelos por todo o corpo, o que aumenta sua sensação de calor. Raramente desce ao solo, somente para fazer as necessidades. Até para se reproduzir prefere as copas das árvores. Dorme cerca de 14 horas por dia! Por que é que foram levar o bicho para este barco? Tá acordado, se desidratando e morrendo de fome.

2. Não é um animal doméstico como um cachorrinho que você pode levar no colo, no dorso, na cabeça para lá e para cá. Repare na feição de prazer e satisfação do indivíduo que a manaura carrega no barco. É muito difícil se criar preguiça em cativeiro por conta dos hábitos alimentares bastante peculiares. Duvido que, diariamente, esta mulher pegue um bicho desses na árvore e o leve para passear um pouco. Deve ficar preso em uma coleirinha improvisada no quintal do arbusto que ela tem em casa.

3. Oferecer o animal para turistas se divertirem, tirando fotos dele e cobrando por isso é crime ambiental. Nem sei como enquadrar isso. Mas dá cana! E o pior é o cara que fomenta a prática. Se você já fez isso, envergonhe-se e não saia mostrando sua foto "heroica" por aí como um troféu.

4. Se o barco, por algum acidente, virasse, quais seriam as chances de alguém tentar salvar o bicho? Fora que eles carregavam também jiboias, sucuris e outras cobras "exóticas" na mesma embarcação. Se virasse, duvido que eles não se borrariam de uma delas enroscar em seus pescoços. Eu disse "eles" porque havia um homem no barco também.

5. E quem fiscaliza isso, meu Deus? Só vistas grossas para o evento. Quando eu estava lá, no mínimo, três barcos se aproximaram do meu para mostrar jacarés, preguiças, cobras...

6. Os humanos que estão no barco não têm educação. Mas têm alternativas de trabalho também? Vai saber... Onde está a educação ambiental promovida pelo Estado do Amazonas? Eles só usam o dinheiro arrecadado para manter o famoso Teatro do centro da cidade bonito e para pagar o ar condicionado que ele consome?

7. O sétimo erro vou deixar por sua conta para permitir a nossa interação. Adoraria receber um comentário seu sobre o assunto. Ah, comenta, vai. E deixa de preguiça! Mas não deixe o bicho de lado para não virar assunto do Colheita Seletiva.

1 comentário:

Pra Hoje! disse...

Olá!

Deixei um super recado, mas o Blogspot mais uma vez me sacaneou!

Adorei o post, e sei bem que o ser humano é um ser muito estranho, capaz de atrocidades, por vezes por querer e ou ignorancia mesmo.

OBS: Meu Brinde, EU quero.