10.1.10

Verão? Vai ter que remar


À frente do bote, promessa de aventura desconhecida. Antes mesmo de colocar o remo na água, as instruções são ouvidas com atenção. Respingos de alegria úmida se jogam sobre o colete salva-vidas. A expectativa é lancinante, ainda mais quando o rio não foi apresentado antes. Esse será o seu momento se você, neste verão de calores instensificados por frustrantes desacordos em Copenhague, escolher o rafting como esporte favorito.

É sempre assim. Já fiz rafting cinco vezes na vida e o friozinho na barriga é o mesmo. Não que cinco vezes me dê grande experiência no esporte, mas me faz um turista experimentado na arte de mover águas com a força do muque. E dos sentimentos que causam pedras arranhando um bote cheio de ar, em quedas de até 5 m de altura, com você protegido por um colete salva-vidas, um capacete e um instrutor que sintetiza seu discurso em pouco mais de meia-dúzia de comandos: frente; ré; direita-ré; esquerda-ré; parou; corda, piso...! Sendo este último o mais aguardado pelos rafteiros. E o mais deliciosooooo! Uhuuuuu!

Ainda que seja um esporte caro para o praticante esporádico (você pode gastar entre R$ 70 e 120 pela descida), o rafting guarda muitas vantagens:
- É um esporte coletivo, que estimula o trabalho em grupo e valoriza a integração e harmonia entre os remadores como combustível para chegar ao fim das corredeiras.
- Normalmente os percursos enfrentados por amadores não chegam ao nível 4 (a escala vai até o 6 em rios bravos e com quedas altíssimas), por isso é um esporte seguro - sem falar do pré-treinamento e do equipo de segurança que as empresas oferecem.
- O visual é uma delícia: nos momentos em que você não está preocupado em se manter dentro do bote por uma questão de sobrevivência, seus olhos se perdem na paisagem ribeirinha que é de suspirar.

- Uma aula de consciência ambiental na prática. Duvido que, no meio de uma descida, você não pare para pensar na importância de se preservar os recursos naturais que ainda temos. Se vir uma latinha rolando rio abaixo, vai até querer pular do bote para resgatá-la. A única forma de poluição que consigo imaginar causada pelo rafting é a sonora. Os gritos de guerra e a barulheira da galera nas quedas pode assustar os animais que habitam os arredores, interferindo em sua rotina. Já ouvi um instrutor comentar que algumas espécies de aves passaram a ocupar outras regiões extra-circuitos de rafting por causa do barulho dos esportistas.
- Você emagrece! Seus braços saem musculosos depois de "passar manteiga" inúmeras vezes no rio por longas horas (já cheguei a ficar cinco horas remando).
- É refrescante. Qualquer esporte aquático, pelo menos para mim, é de se levantarem as mãos para o céu. Molhar-se por completo, nadar no rio, fazer guerra com remo e água entre os botes, molhar a cabeça no "surfe" (um momento da descida em que os instrutores nos levam até uma das quedas para que possamos remar de encontro a ela e nos molharmos inteiros)... vida boa.

Já desci os rios paulistas Jacaré-pepira (Brotas) três vezes, Rio do Peixe (Socorro) e Paraibuna (São Luiz do Paraitinga) uma vez cada. Gosto muito do Jacaré-pepira por ser o mais emocionante, pedregoso, rápido e "quente". As paisagens dos outros dois são muito mais bonitas. O visual do Paraibuna é espetacular, há tucanos voando rasante. E no Rio do Peixe, você consegue ver bandos imensos de capivaras soltas observando preguiçosamente a passagem das caravanas de botes.


Neste post, você pode ter uma ideia pelas fotos da delícia que foi fazer rafting algumas vezes e, quem sabe, se estimular a escolher um roteiro para os próximos feriados. Procure as empresas de rafting se seu destino for uma cidade em que o esporte seja o carro-chefe do ecoturismo. O rafting é caro porque envolve muita gente e pesada manutenção para fazê-lo acontecer. Mas é um investimento sem arrpendimentos.

Eu garanto. E faço um convite para a próxima descida. Vem comigo?


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* as fotos foram tiradas pelas empresas que oferecem o serviço de rafting, exceto esta última, chamada "Romulo e Remo", clicada por Eliane Barros.

1 comentário:

Lívia Cabral disse...

Eu acho que não vou fazer rafting, mas depois do desastre de Copenhague, cortei relações com Obama! Hunf!