9.11.08

dois gumes líquidos

tenho formato de bolha
vibrante
na iminência da explosão

tenho um jeito de quem não entende direito
se me formato,
se me rebelo

tenho um sofrimento
esquisito,
uma fluidez impossível de se medir
com um frasco de perfume
ou uma colher de chá

tenho um desejo de não estar,
vez ou outra,
entre dois gumes,
para não mais ter de vacilar
pelo sim, pelo não

tenho um poema que somente eu entendo
porque ninguém sabe
qual é o meu melhor verso,
meu melhor jeito,
minha versão melhor:

se meu lado b
ou meu lado a

2 comentários:

Andre de P.Eduardo disse...

Uma bolha também pode
voar pelos ares do mundo
levada com as flores ou com cinzas,
e seu doar-se breve deve ser
também seu úmido capitular;

e a quem banhar, que traga
um pouco da sabedoria do vento,
um pouco do sopro que bolha fez nascer,
num beijo doce e quente e vermelho.

Verônica Lima disse...

Uma bolha carrega em si a completude dessa forma preenchida por uma infinidade de possibilidades. Ainda que seja o explodir - de (e com)encantadora paixão pela vida. Sempre em busca da melhor forma.

Foto perfeita.

Posso reproduzir o poema?

Amo vc!