19.9.07

recado pra ti e pro bem-te-vi

quando bem te vi,
ao meu olhar dei todo doce
daquela fruta ainda imatura
que o pássaro insistia em bicar

tive um bem para molhar os lábios
salivados do desejo de um beijo
nosso

bem-te-vi ao longe
a voar
a roubar o gosto de um sentimento que é meu

meu bem, tive a chance de chegar bem perto,
chegar mais próximo até que não houvesse mais espaço
entre mim e o corpo teu

mas o bem-te-vi intruso,
com seu canto ruidoso,
anunciando presença alada,
roubou-me o gesto de te fazer todo-arrepio:
teu olhar seguia-o,
tua distração

meu bem, meu bem, te vi tão junto
que agora quero preso o pássaro
e livre meu eu-que-bem-te-vejo

da próxima vez,
quando eu ouvir um assobio daquele pássaro cantante,
esquecerei meu ego ecológico
e usarei um estilingue

para bem te ver
bem te ter
de novo

3 comentários:

Anónimo disse...

são uns velhos galhos. tortos e que apontam tantos rumos [que rumos são estes?]
vivo numa ausência fria de não se sabe o que
nessa inconstante frenética incessante dolorosa busca por um saciar
que não sacia


e sigo. . .

[eu]


aceitando.
a corrida das horas e do ponteiro que avança das quatro e dez
a serenidade de não saber o que quero
de não ser o que quero
de não escrever o que penso
de nunca encontrar o que procuro

nem o oposto

Eduardo Pelosi disse...

mto bom!!!

abraços

Anónimo disse...

Adorei o original jogo de palavras e a sonoridade deste poema.