com uma borracha apagam os dedos teus
numa fissura sem costume do meu desenho
meu corpo
cada deslizar é um risco
risco de ter-me em papel branco
não quero deixar vísceras espalhadas
pela cama, pela celulose pura
quero vestígios de minha presença ríspida
rija
rio
gargalhadas
as montanhas que os lençóis imaginam seus
vejo de pé
com os pés n'água
eu não vou te dar o gosto de me anular
porque não quiseras minha lembrança
meu caderno tem teu grafite
feito a unha e arranhões
eu não vou te dar o gosto
de escrever-me nesse teu caderno pautado
porque tua caligrafia é simétrica demais
mas ofereço meus lápis de cor
para me colorir
sem contorno
um empréstimo
2 comentários:
O EMPRÉSTIMO: VC,viu?
pq o colorido é mais feliz?
abraço
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