você me deu água na boca,
uma vontade de adoçar metade
da xícara quase cheia de café
que lhe propus
me apresentou os olhos,
os dedos sujos de evitar escombros
e foi embora como quem renega o entulho
não quis conhecer minha letra,
porque a capa do caderno se mostrou
manchada demais
abandonou vestígios
- como quem come chocolate
em dias quentes sobre os lençóis
você me deixou sem dizer meu nome próprio,
completo, como eu quis que me conhecesse
a íntima identidade
me negou uma chance de oferecer
gotas de adoçante e palavras mornas
por isso,
tomarei chá de cadeira
enquanto me recusar
esse café a dois
2 comentários:
Transpira doçura. Como uma recusa pode ficar doce assim? Dói um pouco, mas é lindo.
Beijo.
Só um poeta com P maiúsculo consegue dizer assim.
Um dos meus poemas preferidos. Do mundo.
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