uma cadeira à altura de montanha alguma
sobre a qual me apoio
receio a queda,
pois o chão é trêmulo
- dia de terremoto
mas há fados que me dêem socorro:
o corpo,
se dor tiver,
será remediado com música portuguesa
será reinventado como todo verso de poesia
será, de novo, parte de mim
no que quero,
minha alma brinda o silêncio
do que não falamos
no que não quero,
um afastamento repentino
do que poderia ser tátil
então, meu convite e súplica:
quando disposto, ponha-me no solo
junto às pedras de Espanca,
pisoteadas
como qualquer um
como um qualquer
pois o meu encanto é fato,
mas meu desejo, fado
4 comentários:
num som de mais dor que flor
lembre da patria que de tanto ser o fim
se lançou ao mar
Estou carente de boa literatura diária.
Seu fado... não seria:
A noite deserta numa deserto de gelo
Que esbarrou a esperança e o [nascer foi renascer,
O juízo partido porque menores [somos e mais sábios somos,
As pétalas que crescem sem saber [que envelhecem,
Os pólos norte e sul,
A mão direita e esquerda em [harmonia,
Um dia de chuva de granizo doce,
A última esperança na sílaba "ça",
A falta de respeito pela gramática,
Um estranho amor ao De repente,
A dedicação insana a uma lemnrança [recente,
E Rômulo (t)rêmulo: sol-presente.
A. Eduardo
Tem sabores que duram instantes
E amores que ocupam um suspiro,
Lembranças massacrantes como a lua,
Noite mais frias do que o frio,
Dias que não se esquece porque cobertos
Pelos ombros gregos de um abraços baiano
E bate uma sensação, um calafrio,
Como bate um prego tac tac
No meu peito, vermelho bate,
Bate forte tac tac, parece um caixão de madeira
E nele as últimas lágrimas - agora inúteis de dores sem-porquê,
Sepultadas e felizes juntos aos lírios e rosas de uma nova e fértil terra.
Um botão desabrocha.
A. Eduardo
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