13.8.12

o não-dito

com isso, eu quero dizer que
a minha poesia
está só nas entrelinhas

6.8.12

o mar e a fonoaudiologia

me ensine
a dizer as palavras bonitas
que saiam da boca,
e não dos dedos

na minha timidez de riscar os pés no chão,
vaivém descalço no piso de madeira,
barra da bermuda enrugada de tanto apertar,
suor e sinapses,
olhos fugidios até mesmo se você me pede ao telefone:
"me fala uma palavra bonita, vai?"

eu tento
(ao meu modo,
vaidoso com minha coleção de escrituras,
enciumado pelos textos e manhas literárias),
por isso é que
sempre ofereço "mar"

- aproveite o sol se pondo,
nós dois entre as espumas,
a música das conchas,
as velas de ano novo,
as rosas devolvidas em 2 de fevereiro,
a balsa entre a ilha e o continente,
golfinhos inesperados,
ondas abraçando os coqueiros,
as marolas para lavar as Havaianas,
o cabelo cheio de areia no chuveiro,
queijo coalho na brasa,
brisas frias e correntes quentes

e dizer,
em uma sílaba só,
sem ditos retroflexos,
mas com um "erre" que,
embora tenha som de água dançando,
é batizado com um feio nome pela fonoaudiologia:
mar aberto

naquilo que é minha mais bonita oferta,
me ensine a mergulhar


-----
Para FBNJr.