26.11.07

velório

eu, menino dos pés de cera,
a cada asfalto quente
deixo passos e costumes
derretidos no chão

por isso ando descalço
para que alguém descubra
um descaminho
até mim

já que migalhas
pássaros e mendigos comem,
prefiro perder a sola
a não voltar para casa depois

depois de um traço,
um abraço:
uma bússola

meus pés estão pela metade
- minhas pernas são pavios curtos,
são pavios de fogo e algodão

à espera de um sopro
que não me apague